O que são adoçantes dietéticos?
Os adoçantes dietéticos são formulações preparadas a partir de edulcorantes, compostos químicos naturais (frutose, sorbitol, monitol e esteovídeo) ou artificiais / sintéticos (aspartame, ciclamato, sacarina, acessulfame-k sucralose), que promovem a percepção do gosto doce, reproduzindo o efeito do açúcar no paladar e, em geral, de uma forma muito mais intensa que o açúcar de mesa (sacarose).
Por que são utilizados?
Inicialmente, os adoçantes foram criados para uso de diabéticos, auxiliando no controle do nível de açúcar no sangue, sendo uma opção mais saudável para o indivíduo diabético do que o açúcar, dentro, é claro, das dosagens permitidas.
Entretanto, por também promoverem o gosto doce e serem menos calóricos, a indústria de alimentos começou a utilizá-los e vinculá-los a alimentos que “não provocam cáries dentais” e, principalmente, “não engordam”. Assim, seu consumo tanto para adoçar bebidas quanto em preparações alimentícias não parou de crescer.
Suas particularidades começam na classificação em dois grupos principais: calóricos e não calóricos. As substâncias calóricas são mais utilizadas para diluir ou dar textura ao adoçante ou ao alimento dietético do que propriamente adoçar o produto.
Adoçantes engordam?
Esta é uma questão polêmica e antiga. Recentemente, um estudo feito com ratos foi publicado mostrando que o consumo do adoçante sacarina esteve associado ao ganho de peso (Swithers & Davidson, 2008).
O que já está bem estabelecido é que não é somente um único fator – como o uso de adoçantes – que leva um indivíduo a ganhar ou perder peso, mas sim um grupo de fatores, que podem ou não estar associados ao hábito de usar adoçantes.
Alguns pontos importantes devem ser considerados quanto a essa questão:
1) De que forma o edulcorante é utilizado em determinado alimento?
- Em substituição a determinado ingrediente (é onde “mora o perigo”): geralmente os edulcorantes são utilizados para substituir total ou parcialmente o carboidrato, acarretando muitas vezes em uma elevação do teor de gorduras. A gordura, dentre os 3 macronutrientes (lipídeos, proteínas e carboidratos), é a que confere menor saciedade, podendo assim promover um “efeito rebote” ao longo do dia, ou seja, maior desejo de comer, ou
- Em adição a determinado ingrediente (apenas conferindo sabor doce, mas não alterando as calorias presentes).
2) O metabolismo e o comportamento alimentar de animais não funcionam exatamente como nos humanos. Existem diversos fatores, principalmente relacionados a estímulos externos (ambiente, sociais, psicológicos), mas também de ordem neuro-hormonal (fisiológicos), que provocam o desencadeamento de determinadas ações no comportamento alimentar em humanos, que fogem completamente de nosso controle.
É preciso ter um conhecimento bem claro e espírito crítico para realizar uma boa interpretação de resultados encontrados em pesquisa científica. Por exemplo, saber como os estudos foram montados, o que queriam investigar, quem “patrocinou” o estudo, etc. Outro ponto importante é que as doses normalmente utilizadas em animais são bem maiores do que aquelas utilizadas em pesquisa com humanos, principalmente quando se considera a relação dose—tamanho corporal.
3) O uso de adoçantes na perda e/ou manutenção do peso pode ser um aliado quando o indivíduo está bem esclarecido quanto às recomendações do seu uso (por que usar, quando usar, qual ou quais usar, e quanto usar). Porém, quando isso não acontece, seu uso pode ser prejudicial.
Quais são os tipos de adoçantes não calóricos?
Ciclamato, sacarina, esteviosídeo, acessulfame-K e sucralose.
Quais são os tipos de adoçantes calóricos?
Lactose, Frutose, Aspartame, Sorbitol, Manitol, Xilitol, Maltodextrina.
Qual é a recomendação máxima diária?
Os limites de uso dos edulcorantes em alimentos constam da Resolução - RDC nº 3, de 2 de janeiro de 2001. A Resolução - RDC nº 24, de 15 de fevereiro de 2005, autoriza o uso desse edulcorante no limite máximo de 0,6 g/100 g para suplementos vitamínicos e/ou minerais.
Dose diária permitida para os principais edulcorantes:
Edulcorante Dose (mg)
Sacarina 3,5
Steviosídeo 5,5
Ciclamato 11
Aspartame 40
Sucralose, Xylitol, Manitol, Sorbitol, Acessulfame-K 15
Como os diabéticos devem proceder em relação ao adoçante?
Como dito anteriormente, o uso de adoçantes para indivíduos diabéticos é bem mais recomendado do que o açúcar. Entretanto, a meu ver, o “ideal” com relação ao uso de adoçantes é que sejam utilizados somente quando extremamente necessário (por exemplo, quando se está em uma festa e só é servido refrigerante convencional ou diet).
Não só o indivíduo diabético, mas todos aqueles que desejam ter uma vida mais saudável, entre outras coisas, devem fazer uma reeducação alimentar, principalmente com relação ao resgate de se apreciar o gosto primário dos alimentos, preferindo-os da forma mais natural possível (em relação a alimentos industrializados).
Um exemplo disso é a escolha de sucos de frutas naturais, que não precisam ser adoçados, ou melhor ainda, da utilização da fruta em vez do suco. A exposição contínua aos superestímulos sensoriais a que a indústria de alimentos “nos acostumou”, ao longo da vida moderna, tem nos distanciado cada vez mais de uma alimentação saudável, “induzindo-nos”, muitas vezes, a escolhas equivocadas quanto à alimentação.
Nesse contexto, salienta-se o uso contínuo e prolongado de adoçantes e alimentos contendo edulcorantes, que, com seu alto “poder adoçante” (alguns deles 200 vezes mais doces que o açúcar), “acostumam” nosso paladar a “querer sempre algo bastante doce”. Eu, particularmente, já passei por um período de adaptação (que não envolve somente questões fisiológicas) na retirada de açúcar branco e adoçantes da minha alimentação, e digo que não foi nada fácil, principalmente nas duas primeiras semanas, porém hoje já consigo degustar com prazer alimentos e bebidas que, até pouco tempo atrás, só ingeria com alguma forma de açúcar ou adoçante.
Outro fato interessante foi quando “tive” que degustar algumas preparações com açúcar que estava fazendo para o aniversário da minha filha (sendo que eu já estava havia mais de dois meses sem ingerir nenhum tipo de adoçante ou de açúcar) e tive que chamar outra pessoa para degustar porque naquele momento (tanto tempo para o meu paladar sem “degustar açúcar”) tudo me pareceu amargo...
Especialmente os indivíduos diabéticos que conheço e acompanho (mas não só diabéticos), que realmente entendem este “segredo” da alimentação saudável (muito bem conhecido pelos nossos ancestrais), têm uma melhora expressiva em sua saúde de forma geral.
Que tipos são aconselhados e quais não são?
Com relação aos tipos aconselhados: de forma geral, prefiro sempre indicar o uso do esteviosídeo, por se tratar de uma substância natural, porém muitos não conseguem se adaptar ao gosto residual e acabam optando por outro tipo de adoçante. A sucralose também é uma boa opção, porém é mais cara e não tão facilmente comercializada em algumas cidades menores no Brasil.
É de extrema importância a cautela no uso de edulcorantes que podem contribuir para o aumento da pressão arterial. Recentemente, foi anunciada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) a redução da quantidade máxima dos adoçantes sacarina e ciclamato em bebidas e alimentos, por conterem sódio, o grande vilão da hipertensão.
Essas substâncias são proibidas em alguns países, como no caso da sacarina no Canadá e do ciclamato nos Estados Unidos. No Brasil, o ciclamato é encontrado em vários refrigerantes, como Coca-Cola Light, Light Lemon, Sprite Zero, Dolly Guaraná Diet, Soda Limonada Diet Antarctica, entre outros. Por isso, é importante conhecer o que está sendo consumido.
Não basta saber as características dos adoçantes, é necessário que as pessoas aprendam a ler e compreender os rótulos dos alimentos, fazendo disso uma prática diária, de forma a identificar os ingredientes contidos no produto.
A ANVISA também aprovou o uso de três novas substâncias no país: a taumatina, o eritritol e o neotam, que devem entrar no mercado, regularmente, a partir do ano que vem.
A moderação no uso dos adoçantes e alimentos ou bebidas que os contenham, no caso daqueles que realmente necessitam da utilização desses produtos, é o que deve estar bem claro. É um erro comum pensar que esses alimentos podem ser consumidos à vontade, só porque são dietéticos. É bom saber que o consumo excessivo de produtos contendo edulcorantes pode provocar diarréia e elevação do açúcar no sangue.
Muitas pessoas não usam açúcar refinado, tampouco adoçante, optando pelo açúcar mascavo ou mel, considerados mais saudáveis, o que é verdade do ponto de vista do benefício nutricional (vitaminas e minerais). Entretanto, eles não são alternativas para o controle de peso, porque têm as mesmas calorias do açúcar comum. Ainda é importante ressaltar que a substituição do açúcar refinado por adoçantes não é sinônimo de alimentação saudável.
Portanto, os edulcorantes podem e devem ser usados no controle de peso e da glicose, desde que sejam ingeridos como parte de um plano alimentar balanceado e com conteúdo calórico adequado para o objetivo de peso do indivíduo.