A função do rim é filtrar o sangue, eliminando pela urina água, sal e toxinas. A nefropatia é o termo médico utilizado genericamente para lesões nesse importante órgão. No caso de diabéticos com tratamento inadequado ou histórico de glicemia descompensada, os rins iniciam um processo de hiperfiltração, que está relacionado com o início e avanço de lesão renal, mas que pode ser reduzido com melhor controle glicêmico. O aumento do fluxo renal (hiperfiltração) resulta em aumento da excreção urinária da proteína chamada albumina, que é um indicador da nefropatia diabética.
No início, pacientes com comprometimento renal passam a eliminar proteína na urina em pequena quantidade (microalbuminúria). À medida que as lesões pioram, isto é, à medida que a nefropatia se agrava, a quantidade de proteína na urina pode aumentar bastante. Esse quadro é sempre acompanhado de elevação da pressão arterial.
Monitorar e manter as taxas glicêmicas em patamares próximos da normalidade, de forma constante, são melhores armas na prevenção da nefropatia diabética. O aconselhável, para evitar complicações decorrentes do diabetes, é que o resultado da hemoglobina glicosilada seja menor que 7%. É preciso também, acompanhar com rigor a pressão arterial, já que esta pode ser causa e efeito de um quadro de nefropatia. As maiores pesquisas já feitas com população diabética, realizadas na Inglaterra e nos Estados Unidos, mostraram que pessoas que conseguiram manter sua hemoglobina glicosilada abaixo de 7% reduziram significativamente o risco de desenvolver nefropatia e estabeleceram, definitivamente, que a prevenção bem sucedida está relacionada ao grau de controle glicêmico.
"Em diabéticos tipo 1 a nefropatia pode surgir entre 15 e 20 anos de convivência com a doença, mas em diabéticos tipo 2, diagnosticados muitas vezes em exames de rotina, não se sabe o tempo médio para o surgimento da complicação", explica Miguel Moysés Neto, médico da Divisão de Nefrologia no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto.
"Até há alguns anos, só era possível diagnosticar a nefropatia diabética quando a perda de proteínas na urina já era muito grande, mas, hoje, o exame de microalbuminúria denuncia o problema no início, quando a perda de proteínas ainda é pequena. A recomendação é que portadores de diabetes tipo 2 façam o exame da microalbuminúria ao serem diagnosticados e os portadores de diabetes tipo 1 após 5 anos do diagnóstico ou quando entrarem na puberdade", explica a endocrinologista Karla Melo, do Núcleo de Excelência no Atendimento ao Diabético (NEAD), do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Os principais sintomas da insuficiência renal são fraqueza, vômito, anemia e pressão alta. Entretanto há pacientes que desenvolvem o quadro mas não apresentam qualquer sintoma. É para evitar diagnósticos tardios da nefropatia, feitos quando a doença já está em estágio avançado, que a aderência ao tratamento e o bom monitoramento se fazem necessários. Caso a lesão atinja um estágio em que os rins já não funcionam mais adequadamente, a diálise (utilização de uma máquina para filtrar o sangue) ou o transplante do rim podem ser indicados.
Fonte: Revista Viva Melhor - Publicação da Aventis Pharma Ltda.
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