Pata-de-vaca - Conhecimento popular em prova

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Francisco de Assis Rocha Neves pelo telefone (61) 3307 2098 ou pelo e-mail chico@unb.br.


Mecanismo de redução da glicose pelo extrato da pata-de-vaca é comprovado na UnB, mas uso indiscriminado é questionável


Roberto Fleury/UnB Agência


Marlon da Costa coletou as amotras de pata-de-vaca no próprio campus da UnB

A planta medicinal de origem brasileira conhecida como pata-de-vaca ou Bauhinia variegata é comumente utilizada por diabéticos para controle da glicemia na forma de chá. Essa função disseminada pela sabedoria popular foi estudada por pesquisadores do Laboratório de Farmacologia Molecular da Universidade de Brasília (UnB) e comprovada cientificamente. O professor Francisco de Assis Rocha Neves, coordenador do laboratório, e seu orientando Marlon Duarte da Costa verificaram em ensaios in vitro realizados com células humanas, que o extrato da planta ativa o receptor PPAR-gama, que é um potente estimulador da ação da insulina – hormônio responsável pela entrada de glicose na célula. A má notícia para os diabéticos é que, além de facilitar a ação da insulina, o extrato da pata-de-vaca ativa outros receptores, como o do estrógeno, que pode aumentar o risco de câncer de útero e mama e o da transcrição genética, que pode alterar o funcionamento da renovação celular. Apesar do experimento ter sido feito com o extrato, Neves acredita que os efeitos nas células seriam os mesmos que com a ingestão do chá.

Roberto Fleury/UnB Agência

Para Neves, deve-se ter cuidado antes de usar a planta indiscriminadamente

“Como não sabemos ainda as conseqüências desses mecanismos, é preciso cuidado antes de utilizar essa planta indiscriminadamente para controlar a glicose”, alerta Neves. A pata-de-vaca é assim chamada porque a folha da árvore com flores brancas ou roxas tem essa forma. A planta também é muito utilizada em paisagismo.

COMPARAÇÕES – No estudo, a atividade do extrato da planta, coletada no campus universitário entre junho e agosto de 2003, também foi comparada a medicamentos utilizados por diabéticos na ativação do receptor PPAR-gama. O princípio testado foi a pioglitazona. A planta ressecada e transformada em pó demonstrou atividade duas a três vezes maior que a ação da pioglitazona na ativação do PPAR-gama. Os cientistas passaram então a testar isoladamente as moléculas do extrato da planta para ver qual delas é responsável por essa ação.

Uma delas, a molécula kaempferol, purificada na Universidade Federal de Santa Catarina, ativou menos o PPAR-gama que a pioglitazona. “Isso significa que há outras moléculas envolvidas no mecanismo da ação da Pata de Vaca que precisam ser estudadas”, diz Neves. A pesquisa continua para identificar qual molécula do extrato da planta apresenta essa ação exata. A partir daí, um medicamento mais específico que os já existentes no mercado poderá ser elaborado. Neves acredita que esse processo pode levar cerca de três anos. Enquanto isso, recomenda-se o uso bastante moderado do chá.

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